SolidariedadeTerritorial

Terra para quem nela vive e produz: contra a violência do capital e do latifúndio

Nos últimos dias, as famílias do acampamento Tiago dos Santos (vinculado à Liga dos Camponeses Pobres), em Rondônia, sofreram intenso ataque da imprensa corporativa e dos aparatos de repressão do Estado. 600 famílias, incluindo muitas crianças, foram vítimas de sobrevoos de helicóptero e um cerco pela polícia militar que impediu a entrada de alimentos, culminando em um violento despejo no último dia 10 de outubro com bombas, gás lacrimogênio e balas de borracha.

Por mais de 10 anos estas famílias lutavam por terra para produzir e viver, ocupando um latifúndio de mais de 57 mil hectares, cujo grileiro inclusive encontra-se preso sob acusação de ser o maior grileiro de terras de Rondônia (mais de 1 milhão de hectares) e chefe de organização criminosa especializada em grilagem e superfaturamento de terras no estado, contando com envolvimento de empresários, advogados, servidores públicos, inclusive no judiciário federal.

A história do Brasil é manchada de sangue dos/as de baixo pela violência dos poderosos nas florestas e no campo, com um processo de brutal concentração de terras. Um modelo colonial, centro-periferia e agrário exportador que é estrutural de nosso país, que desde a Colônia até hoje vem assassinando indígenas, destruindo quilombos, expulsando camponeses, explorando trabalhadores do campo, destruindo florestas, envenenando o povo e saqueando os bens naturais. E agora o Governo Bolsonaro assume esse legado genocida como uma de suas principais políticas de Estado, beneficiando o agronegócio e o capital financeiro nacional e internacional. Fazendo uso, mais do que nunca, de instrumentos como o INCRA no ataque e esfacelamento dos movimentos do campo e florestas.

Por isso, toda a solidariedade às famílias camponesas do acampamento Tiago dos Santos, e pela organização e apoio mútuo entre os movimentos, territórios e povos. Em mais um ano eleitoral, tal violência do Estado e do capital só reforça que o caminho para a emancipação do povo não é, e nunca foi, pelas urnas e parlamento. Ceder a alianças estratégicas com partidos e governos só tem como resultado a desmobilização do povo e mais sofrimento para os/as de baixo. Diante disso, o que deve existir é a convicção de que a construção do poder popular só virá com uma aliança indígena, preta, camponesa e popular na organização da luta para viver e produzir nos territórios.

Coordenação Anarquista Brasileira
Outubro de 2020

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *