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[OASL] A polícia mata mais em São Paulo

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Nos solidarizamos aos moradores da Ocupação Esperança, em Osasco, comunidade que perdeu dois jovens negros, executados pela PM paulista no dia 05 de maio. Segundo o movimento Luta Popular, que organiza a ocupação, em 6 anos de existência da comunidade, nunca tinha havido um caso de homicídio.

Também manifestamos nossa solidariedade à comunidade da Favela do Moinho, que vem passando por um terrorismo de Estado nas últimas semanas. Os moradores relatam uma rotina de invasão de suas casas por parte da PM, com agressões, destruição de móveis e ameaças a quem tenta gravar os policiais. Em uma revolta da comunidade contra esses abusos, no dia 29 de abril, a Polícia Militar respondeu com espancamento, bombas e balas de borracha, e forjou a prisão de três jovens, acusados de tráfico de drogas. A comunidade, que é a única favela no centro de São Paulo, sofre há anos com a violência policial.

Com João Doria no comando de São Paulo, as mortes pela PM no estado bateram recorde no primeiro trimestre desse ano, segundo números do próprio governo. A Polícia Militar já é responsável por cerca de 1/4 das mortes no estado: oficialmente, foram 255 pessoas mortas pela PM em supostos confrontos, uma média de uma vítima a cada oito horas e meia. É a maior matança da série histórica, iniciada em 1996. Jovens negros são a maioria dos assassinados, e muitas vezes as circunstâncias da morte sequer são investigadas. Além disso, as estatísticas não mostram o número de vítimas dos grupos de extermínio, formados por policiais. Também têm sido constantes os casos de jovens encontrados mortos depois de abordagem policial, o que mostra o cinismo de um Estado que diz combater a violência.

Temos em curso uma verdadeira guerra civil contra as periferias, disfarçada como “Guerra às Drogas”, que nada mais é do que uma guerra à pobreza, potencializada pelos discursos do governador João Doria e do presidente Jair Bolsonaro, por mais que eles tentem se diferenciar. Em 28 de novembro do ano passado, Bolsonaro defendeu o chamado excludente de ilicitude, dispositivo que dá carta branca para agentes de segurança matarem suspeitos. Três dias depois, aconteceu o Massacre de Paraisópolis, cometido pela PM paulista, que resultou na morte de 9 jovens. A primeira reação de Doria foi defender os policiais, antes mesmo que o caso fosse investigado. E as investigações caminham para nenhuma responsabilização dos comandantes, nem do estado.

O discurso que alimenta essas matanças está calcado em um projeto histórico de dominação, com base na propriedade privada dos ricos, na acumulação capitalista, na precarização do trabalho e no desemprego. À força de trabalho excedente, jovem, preta e empobrecida, a resposta é o extermínio e o encarceramento em massa. Uma forma de conter a revolta latente do povo pobre contra o Estado e o Capital.

A violência policial cotidiana e a precarização do trabalho e da saúde se somam à chegada do novo coronavírus, que já se encontra em cada comunidade periférica do estado, com o número de mortes crescendo assustadoramente, num momento em que o sistema de saúde se aproxima de um colapso. As humilhantes filas nas agências bancárias por um auxílio que demorou muito a chegar é outro fator dessa violência de Estado, que também acaba levando o vírus para as comunidades mais pobres.

A situação extrema que se abate sobre as periferias demanda o fortalecimento dos laços de solidariedade. Diversas comunidades vêm se organizando para conscientizar a população sobre a doença e arrecadar doações. Outras iniciativas também organizam os bairros para denunciar a violência da PM. Fortalecer a organização popular é o passo fundamental para atravessar esse período, avançar para a autodefesa e, por meio da luta coletiva, enfrentar a brutalidade do Estado contra nosso povo!

Vidas negras importam!
Pelo fim da Polícia Militar e da Guerra às Drogas!
Organização popular nas quebradas!

Organização Anarquista Socialismo Libertário
Maio de 2020

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