Transporte público e a pandemia
A pandemia do Covid-19 apenas aumentou o drama da grande maioria do nosso povo que usa dia a dia o transporte público das grandes cidades do país. Já não bastasse ter que enfrentar a super lotação – além do preço caro das passagens – agora ela é um fator que coloca nossa saúde em risco. Para garantir o lucro das máfias empresariais do transporte, motoristas, cobradores, condutores e trabalhadores que usam diariamente ônibus, trem e metrô para ir ao trabalho, arriscam sua saúde.
Nossa luta em defesa de outro modelo de transporte, verdadeiramente público, não é recente. Há décadas temos questionado esse modelo existente na maioria das cidades brasileiras que garante riquezas para os de cima e precariedade para os de baixo. E também não é de hoje nossa luta por melhores condições de trabalho e por salários dignos.
Nessa pandemia, temos visto as coisas se agravarem. Se, por um lado, o transporte público deveria funcionar apenas em função dos serviços essenciais – que não podem paralisar suas atividades – por outro, milhares de trabalhadores que não recebem auxílios substanciais dos governos e não tem garantido o direito de manter distância social ou de trabalhar em suas casas se veem obrigados a encarar a mesma rotina de ônibus, metrô e trem.
Mas agora, como antes, não há uma política que reorganize o transporte público em função dos direitos de acesso aos equipamentos públicos da cidade, de seu conforto, de medidas sanitárias e da saúde e proteção das pessoas. O que temos visto em várias cidades do país é: superlotação, linhas de ônibus sendo suspensas, tempos de espera aumentados. Ou seja, mais e mais precariedade.
A estes trabalhadores, o que resta é o uso das máscaras e a torcida para que o vírus não lhes alcance. Porque em um cenário como esse, não há distanciamento social e preservação da saúde possível. É como dizia um meme circulando por ai: os que andam de carrão querem que vamos trabalhar em ônibus superlotados porque a economia não pode parar.
Entre escolher passar fome e arriscar nossa saúde, não escolhemos nada. Porque na verdade não existe escolha. Seguimos trabalhando e arriscando nossa saúde e ponto final. Neste momento, o transporte de milhões de pessoas não é a garantia do direito de ir e vir, como de forma oportunista os apoiadores de Bolsonaro defendem, e sim expor todos e todas a um perigo que poderia ser evitado.
O que precisa ser posto contra a parede continua sendo o modelo de transporte, que:
- não é verdadeiramente público;
- enriquece máfias empresariais;
- limita o acesso aos equipamentos públicos e culturais pelos trabalhadores/as;
- nos impõe uma rotina estressante;
- coloca nossa saúde em risco;
- não são os trabalhadores e usuários que fazem sua gestão.
Continuamos a defender quarentena remunerada e renda emergencial. Porque são os capitalistas que devem pagar pela crise.
E continuaremos a lutar por um transporte público realmente a serviço de todos os e as trabalhadoras e não dos patrões.
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