[RUSGA LIBERTÁRIA MT] 7 mil mortos: segue o lucro para poucos, prevalece a morte para geral
Mato Grosso alcançou o registro de 7 mil mortos pela COVID-19; os hospitais (públicos e particulares) seguem em superlotação, UPAs registrando dificuldades para atendimentos, já se registra falta de equipamentos básicos para procedimentos de intubação, falta de anticoagulantes, e a internação de crianças alcançando números preocupantes… mas a economia, o lucro dos grandes empresários e latifundiários, não pode parar.
Segue um teatro orquestrado pelos políticos profissionais, no qual se prioriza atender aos interesses empresariais da FIEMT (Federação das Indústrias de Mato Grosso), da CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas de Cuiabá) e dos setores do Agronegócio. O mini lockdown explicitou ineficácia para contenção do vírus, pois as rotinas de aglomeração e deslocamentos seguiram normais – quem tem fome e boletos para pagar acaba ficando sem escolha, restando o sacrifício imposto pelos patrões – pelo capitalismo.
Esse jogo dos de cima ficou escancarado esta semana quando o projeto de antecipação de feriados foi colocado em pauta. Ainda que esse não seja o ideal para preservar a vida de trabalhadoras/es, que precisariam estar em casa durante todo esse período de grande contaminação e mortes e não apenas 4 ou 5 dias, a não aprovação do projeto representou bem a quais interesses serve o Estado, assim como o caráter genocida do capitalismo. O que vimos foram os de cima se digladiando para não desagradar aos patrões e os patrões como abutres sobre governo, assembleia e prefeituras para barrar a antecipação de feriados – o “feriadão”, como estavam chamando – na argumentação de que seria prejudicial para a economia local. No fim das contas, o que vimos foi a mais real e concreta face do capitalismo. Em meio a todo o cenário de mortes e adoecimentos, colapso geral, os abutres caíram sobre o Estado para que nem um dia de feriado fosse dado; mesmo que tais dias fossem trabalhados depois, uma vez que se tratava de antecipação de feriado e não de deixar trabalhadoras/es em casa sem que tivessem que pagar por isso.
As mortes e a miséria que vivenciamos no estado de Mato Grosso hoje têm responsáveis e eles devem ser denunciados e devem pagar por elas. Sabemos que o governo genocida de Bolsonaro abre as portas das políticas de mortes, mas os governos estaduais e prefeituras têm o mesmo papel nessas esferas. Em Mato Grosso, as políticas de mortes de Mauro Mendes seguem a cartilha genocida federal e são tão responsáveis quanto as políticas federais!
Política de morte planejada e auxílio emergencial
O estado de Mato Grosso, em condição grave, é um triste objeto nas mãos daqueles que jogam com nossas vidas. Governo de Mauro Mendes serve diretamente aos interesses dos empresários e agronegócio; quando ensaia qualquer atitude para dizer que está fazendo algo, logo cede à pressão desses setores ou cai em “birras políticas” com o prefeito de Cuiabá. Prefeituras têm sido omissas ou coadunam com a ausência deliberada de ações que caracteriza o governo genocida de Bolsonaro. Assembleia Legislativa demonstrou, mais uma vez, que serve a Mauro Mendes, aos empresários e ao agronegócio. Empresários e Agronegócio seguem lucrando, enquanto pressionam governo, prefeituras e Assembleia Legislativa para minar qualquer ensaio no sentido de preservar a vida das trabalhadoras e trabalhadores.
Tudo que temos sofrido, trabalhadoras e trabalhadores (empregados, formais, informais e desempregados), é resultado dos descasos que os governos (federal, estadual e municipal) vêm aplicando contra a população, favorecendo sempre os interesses dos setores empresariais, agroexportador e especuladores financeiros de todo tipo – principalmente quando os desejos desses são: PRIVATIZAÇÃO DE TUDO QUE SEJA PÚBLICO! Há décadas que se tem avançado políticas de precarização de serviços que realmente são essenciais – foquemos, nesse momento, na Saúde – para todo o conjunto daqueles e daquelas que não possuem condições financeiras para custear os altos preços dos Planos de Saúde. Há anos a população vem sofrendo com o sucateamento dos serviços públicos de saúde: falta de equipamentos, reformas, construções adequadas, concursos para trabalhadores necessários para a linha de frente nos atendimentos, salário digno para os profissionais da saúde, etc. – em Mato Grosso, vai para mais de 20 anos sem concurso público na área de saúde, por exemplo.
Com a pandemia da COVID-19, toda essa jogatina vem ficando cada vez mais escancarada, pois quem dita as regras para o jogo de contenção do vírus e prevenção da vida é os que possuem alto acúmulo de dinheiro; os negacionistas que afirmam: A ECONOMIA NÃO PODE PARAR!
O auxílio emergencial, nacional e estadual, seguirá mantendo a população na miséria e tendo de sacrificar suas vidas para manter um pouco de vida digna. O aumento no custo de vida – alimentação, gás, energia, combustível, água, saúde, medicamentos – segue no fluxo normal de elevação. Na esfera federal, aponta-se o pagamento de até R$375 reais e, na esfera estadual (em Mato Grosso), o aprovado é R$150 reais (por 3 meses) para atender por volta de 100mil famílias que estejam cadastradas em programa social da Secretaria de Estado de Assistência Social (Setasc), “Ser família”.
Temos plena clareza que tais valores para quem vive na extrema pobreza, gerada pelas ganâncias dos políticos de turno (os políticos profissionais), é de grande importância, mas não podemos deixar de trazer a reflexão para os custos básicos da vida: gás de cozinha acima de R$100; a cesta básica mais de R$250; o custo da energia e água (empresas privadas) lá em cima… se adoecer e precisar de medicações indisponíveis no SUS (pela falta de repasses e investimentos prioritários)… SALVE-SE QUEM PUDER!
A ineficiência do toque de recolher para “bobó tcheira-tcheira”
O que estaremos enfrentando é uma medida, não que não seja necessária, mas totalmente destinada para enganar a população. O fluxo de trabalhadores e trabalhadoras seguirá normalmente, o lucro dos patrões seguirá de vento em polpa, pois a economia não pode parar (não tem parado, principalmente quando se trata dos maiores devedores aos cofres públicos de Mato Grosso – o Agronegócio). A economia não pode parar, mesmo que sigamos perdendo mais algumas vidas, mesmo que ultrapassemos o registro de 6.000 mil mortos em nosso estado, não pode parar mesmo que já vivenciamos a superlotação das UTIs e estejamos dentro de um colapso explícito (já chegamos na marca de 99% das UTIs ocupadas e um número significativo de pessoas aguardando vagas).
Seguiremos enfrentando uma rotina normal para quem precisa trabalhar para sobreviver, tendo alguns trabalhadores e trabalhadoras afetados (os que executam trabalhos noturnos) e correndo o risco da perda do trabalho e sem nenhum auxílio para custear o alto custo de nossas vidas.
Opinião Anarquista | 09 de março de 2021 | Rusga Libertária | link: https://cabanarquista.com.br/2021/03/09/rusga-libertaria-mt-pandemia-negacionismo-e-minilockdown/
No dia 09 de março, soltamos uma Opinião Anarquista onde apontávamos a ineficiência do lockdown “híbrido” – mini lockdown, conforme portaria do governo de Mato Grosso. Os 15 dias estipulados pelo governo se foram, assim como também se foram várias e várias vidas – trabalhadoras e trabalhadores dos mais variados segmentos da nossa sociedade; pessoas que, pela necessidade material da nossa vida e pela falta de políticas sociais sérias para não deixar nosso povo morrer de fome, tiveram de seguir realizando os deslocamentos para seus locais de trabalho. Pessoas que, em sua maioria, dependem dos transportes públicos; pessoas que, em sua maioria, não possuem condições financeiras para custear planos de saúde privados e muito menos pegar um avião particular e se deslocar para os mesmos hospitais que muitos parlamentares foram para se internar e tratar da covid.
Um lockdown mais sério é necessário para a contenção do vírus, mas sem um auxílio emergencial que, ao menos, esteja próximo do salário mínimo atual, mas sem uma política contra o corte e redução de salários, mas sem a redução sobre os altos custos da vida… tudo isso se torna ilusório para a população trabalhadora. Além do mais, o forte discurso da “gripezinha” – que o próprio Mauro Mendes ajudou a difundir no estado – tornou boa parte da nossa população incrédula, só se torna real quando a morte bate em nossa porta.
Panela Vazia: revolta popular nas periferias A saída que nos resta nessa conjuntura de morte e precarização da vida
Assim como já defendemos antes, seguimos nessa linha de defesa para a vida das e dos de baixo…
Temos clareza que não está fácil a nossa vida e que não será da noite para o dia que as coisas melhorarão, mas devemos retomar a força da resistência e rebeldia para a organização e luta das/os trabalhadoras/es contra toda essa política de morte a que os governantes e patrões têm nos empurrado a vivenciar. Já que nos obrigam a trabalhar e correr riscos de vida em plena pandemia acelerada, sem nenhuma possibilidade de sobrevivência digna, é urgente que também tomemos a ação direta como ferramenta primordial de combate contra toda essa injustiça e política de morte. Se nos impõem trabalhar normalmente em pleno colapso, que tenhamos força para tomar as ruas e reivindicar Vida Digna: pela quebra de patente das vacinas, quarentena pela vida, greve geral pela vida, auxílio emergencial para todas e todos que sofrem com a precarização do trabalho e desemprego e com valor digno, redução dos altos preços nos alimentos/medicação/luz/água/gás/etc., testagem em massa para toda população, fim dos despejos nas ocupações de casas abandonadas e terras improdutivas ou sem real função social, taxação do agronegócio e das grandes fortunas, encerramento dos trabalhos presenciais nas escolas e demais repartições públicas (trabalho essencial não pode ser relativizado para atender desejo de patrões), VACINAÇÃO EM MASSA!
É pela força popular, ação direta organizada contra os inimigos de classe que podemos avançar na reconstrução de vetor social forte para a revolução social.
DESEMPREGO E PANELA VAZIA, É REVOLTA NA PERIFERIA!
ANARQUISMO ORGANIZADO, PELA CONSTRUÇÃO DO SOCIALISMO LIBERTÁRIO!
LUTAR, CRIAR… PODER POPULAR!
Rusga Libertária – 15 anos na construção do Anarquismo Organizado em Mato Grosso