ConjunturaEstudantil

REVOGAR O NOVO ENSINO MÉDIO COM LUTA POPULAR!

Opinião Anarquista | 15 de Março 2023 – versão para impressão

Estudantes e trabalhadores da Educação Pública estão sofrendo as consequências do Novo Ensino Médio (NEM), que começou a ser aplicado nas escolas brasileiras em 2022. Essa mudança foi apresentada em 2016 e foi recebida com imensas manifestações de estudantes e professores, que lutaram para que o NEM fosse barrado.

Em resposta às propostas absurdas do projeto, milhares de estudantes protagonizaram o maior movimento de ocupação de escolas do mundo, mostrando a combatividade da juventude e seu desejo de tomar as rédeas da Educação em suas próprias mãos.

Porém, o NEM foi aprovado no ano seguinte, ignorando a vontade popular. O que já estava sendo anunciado em 2016 agora está sendo comprovado: matérias importantes para a formação da juventude estão sendo substituídas por disciplinas vazias de conhecimento científico e cheias de interesses capitalistas. O objetivo é dificultar que haja um ensino crítico, diverso, emancipador, pautado em descobertas científicas e com base na formação qualificada de professores licenciados para dar aula.

No lugar disso tudo, temos disciplinas que aprofundam um problema que já víamos, em menor grau, antes: fazem da escola um lugar de formação de mão de obra barata, de trabalhadores/as submissos/as às injustiças de seus patrões.

Querem que nosso povo viva conformado com a injustiça e que a gente aprenda a culpar a nós mesmos por um fracasso financeiro que é responsabilidade do sistema em que vivemos.

QUEM É RESPONSÁVEL POR ISSO?

Empresários nacionais e internacionais que se organizam em “redes” (como o Todos pela Educação) e se passam por especialistas em ensino-aprendizagem, quando, na verdade, são especialistas em exploração. De sala de aula, não entendem nada. Das condições dos estudantes, também não conhecem nada.

Professores e pesquisadores das Universidades Públicas, que são os verdadeiros especialistas em ensino, não foram sequer consultados, muito menos ouvidos em suas manifestações massivas por todo o país. Além disso, a análise da Reforma do Ensino Médio não pode ser separada de seu contexto político, de aprofundamento do ajuste fiscal.

Essa foi a segunda medida de impacto tomada por Michel Temer após o impeachment de Dilma Rousseff, precedida pelo Teto de Gastos e sucedida pela ampliação do trabalho terceirizado, inclusive de atividades-fim, e pelas Reformas Trabalhista e da Previdência.

Sendo assim, o NEM faz parte de um conjunto de medidas anti-povo, sendo responsável por formar técnica e subjetivamente uma nova massa de trabalhadores adaptados a não ter empregos formais, direitos e bens públicos.

NOVO ENSINO MÉDIO NA PRÁTICA

O estado do Alagoas é um dos exemplos do fracasso do NEM: professores relatam piora nas condições de trabalho e o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do estado recebe, diariamente, centenas de queixas de estudantes que apontam falta de informação a respeito do próprio funcionamento do novo modelo, sem falar na estrutura que não dá conta das promessas de inovação feitas.

Em São Paulo, falta de professores marca a execução do NEM para mais de um milhão de jovens que já estão sendo submetidos ao retrocesso educacional. E o secretário de Educação de SP, Renato Feder (que passou com seu trator na Educação do PR), já contradiz o discurso de possibilidade de escolha e protagonismo estudantil, assumindo que terá que restringir ainda mais a oferta de itinerários formativos.

No Paraná, o governador Ratinho Jr é entusiasta do NEM e foi um dos primeiros a implementar o projeto na rede estadual, tornando o estado um berço do neoliberalismo na Educação Pública. O resultado são professores sobrecarregados, aulas sem estrutura, estudantes desinteressados, matérias sem conteúdos aprofundados e acordos milionários com instituições privadas, como a Unicesumar, que colocou estudantes para assistir aulas pela TV por longos períodos, gerando revolta e evasão.

Após diversas mobilizações, manifestações populares e críticas, o Rato foi obrigado a recuar em relação à parceria com a instituição privada. E, para fazer com que todos os governantes e empresários também sejam obrigados a recuar em seus intentos privatistas contra a Educação Pública, será necessário muito mais. O dia 15 de março, Dia Nacional pela Revogação do Ensino Médio, deve ser apenas o recomeço das lutas de 2016.

Agora é hora de intensificar a mobilização e tomar as ruas, espaço histórico de luta dos trabalhadores e estudantes, pela revogação do Novo Ensino Médio! É passada a hora de mandar para a lata de lixo da história esse projeto contra a Educação, que só visa precarizar ainda mais a vida dos mais pobres e acabar com a liberdade de ensino dos professores!

Não basta “reformar a reforma”, como quer o governo Lula. É preciso lutar com unhas e dentes, sem ilusão alguma com os governantes, mas através de grandes manifestações, greves, ocupações e outras táticas de ação direta que objetivem colocar a Educação nas mãos dos professores, pesquisadores e estudantes, que são quem realmente entendem do assunto.

Defendemos que essa luta seja autônoma, com independência de classe e combatividade, pois o conformismo e o discurso de pacifismo não nos servem, já que nosso povo vive à mercê de um Estado que nos impõe uma vida em guerra.

EDUCAÇÃO NÃO SE VENDE! SE DEFENDE!
BANCO MUNDIAL, TIRE AS MÃOS DA NOSSA ESCOLA!
SE NÃO HÁ DIREITOS PARA O POVO, QUE NÃO HAJA PAZ PARA NENHUM GOVERNO!