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OASL: Solidariedade a Carolina Iara, vítima de atentado em São Paulo

A Organização Anarquista Socialismo Libertário se solidariza à militante Carolina Iara, que sofreu um atentado na madrugada de quarta-feira, dia 27, em São Paulo. Pelo menos dois tiros foram disparados para dentro da casa de Carolina, às vésperas do 29 de janeiro, Dia da Visibilidade Trans. Imagens de câmera de segurança mostram que um carro branco ficou estacionado por três minutos em frente à residência.

Carolina Iara é negra, travesti e intersexo, militante pelo direito das pessoas com HIV/Aids, e faz parte da Bancada Feminista, do PSOL, recém-eleita para a Câmara de São Paulo. Desde a candidatura, ela vinha recebendo diversos ataques pelas redes sociais, por pessoas de extrema-direita, o que reforça a hipótese de um atentado político contra a co-vereadora.

Além disso, a vereadora Erika Hilton, também do PSOL, foi surpreendida nessa semana por um homem que se identificou como “garçom reaça”, e foi a seu gabinete, com uma mochila, querendo falar com ela. A parlamentar, negra e transgênero, havia denunciado 50 pessoas por ataques transfóbicos, racistas e machistas contra ela na internet. Duas semanas atrás, um funcionário da Câmara que buscava informações pessoais da vereadora disse que iria “arrancar a cabeça” de membros de sua equipe.

Lembramos que, há cerca de um ano e meio, a militante trans e negra A.T., da CSP-Conlutas e do PSOL, foi vítima de sequestro e tortura por declarados bolsonaristas, também na capital paulista. Por isso, alertamos para o método miliciano que se volta contra lutadoras LGBTQIA+ negras em território paulista e que, se não for combatido desde já, pode resultar numa escalada da violência política.

O Brasil é o país em que mais se mata pessoas trans no mundo. Em 4 de janeiro, a menina trans Keron Ravach, de apenas 13 anos, foi brutalmente assassinada, na cidade de Camocim, no Ceará. Pobre e periférica, ela foi espancada até a morte. A garota faria 14 anos neste mês, e sonhava em ser influenciadora digital.

É impossível desassociar esses ataques da profunda transfobia da sociedade brasileira, que legitima e origina a violência diária sofrida pela população T em nosso país, que vitima até mesmo aquelas que conseguem atingir algum grau de reconhecimento social e político.

Reforçamos nossa solidariedade a Carolina Iara, a Erika Hilton e ao PSOL na luta contra as opressões e às tentativas de intimidação das lutadoras sociais. Também destacamos a insuficiência das instituições de Estado no combate à transfobia e à extrema-direita, que segue fortalecida com apoio do governo Bolsonaro e a conivência do “bolsonarismo de sapatênis” do PSDB de João Doria, que já fecha os olhos para os grupos de extermínio dentro da polícia, e não esboça qualquer reação para conter os grupos mais extremistas.

A extrema-direita e a transfobia só poderão ser derrotadas na luta cotidiana, com o fortalecimento dos movimentos populares em cada território, ombro a ombro no enfrentamento a toda opressão.

SOLIDARIEDADE ÀS QUE LUTAM!

ORGANIZAÇÃO POPULAR CONTRA A EXTREMA-DIREITA!

Organização Anarquista Socialismo Libertário
Janeiro de 2021

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