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LUTAR NÃO É CRIME! TODO APOIO À LUTA DOS APOSENTADOS NA ARGENTINA!

“É preciso ser muito covarde para não defender os aposentados!”

Ontem, 12 de março de 2025, acompanhamos a violenta ação das forças de repressão do Estado argentino sobre os aposentados e outros setores populares, durante ato em Buenos Aires contra os ajustes e cortes ultraliberais do governo de Javier Milei (La Libertad Avanza). Foram mais de cem companheiros detidos, entre eles militantes da Associação de Trabalhadores do Estado (ATE) da cidade de Buenos Aires, e cerca de vinte feridos. Dentre eles, um fotojornalista em estado grave após ser atingido por um projétil enquanto cobria o ato.

O ato de ontem dá sequência a uma série de protestos que ocorrem nas quartas-feiras puxados pelos aposentados argentinos desde o início do governo Milei no final de 2023. Junto com os aposentados, a manifestação contou com outros setores da classe trabalhadora, sindicatos e torcidas organizadas de diferentes clubes de futebol argentinos, alicerçados na solidariedade de classe e na certeza que só a luta melhorará a vida de nossa gente. Nos últimos meses, os protestos dos aposentados passaram a ser duramente reprimidos pela polícia e forças do Estado com gás lacrimogêneo e violência física, porém ontem houve uma escalada na tentativa de calar e criminalizar a insubmissão social. Já no dia de ontem os protestos se multiplicaram pelo país e arriscam a sobrevivência política de Milei.

O contexto argentino vai de mal a pior para os de baixo: na aplicação de uma política anti-povo, que só piorou as condições materiais das classes oprimidas do país, os aposentados sofreram com o aumento no valor dos medicamentos e dos serviços essenciais de saúde. Como pó, viram seu poder aquisitivo ser varrido ano após ano. Soma-se a isso o fato de que quase 60% dos aposentados recebem o benefício mínimo, cerca de R$1.900, com um bônus complementar de mais R$400 congelado desde o ano passado. Estamos falando de uma parte signifitativa dos argentinos: são 7,4 milhões de aposentados, mais ou menos 16% da população do país.

O valor recebido pelos aposentados é menor do que o necessário para uma vida digna, colocando grande parte desse grupo abaixo da linha da pobreza. Desde o início do governo Milei, com seus cortes visando agradar o mercado e implementar uma política neoliberal, não só os aposentados mas boa parte da população argentina foi lançada a extrema-pobreza. É a precariedade da vida que os de cima esperam que nosso povo viva, para que possamos vender nossa fome por qualquer trocado aos patrões ou morrer sem nenhuma dignidade depois de uma vida de trabalho.

Desde esse território chamado Brasil, a partir da insubmissão latino-americana, nós da Coordenação Anarquista Brasileira (CAB) nos solidarizamos com toda a companheirada em luta na Argentina, sobretudo os aposentados que não se calaram frente à tentativa de repressão. Defendemos a atualização do valor das aposentadorias, o restabelecimento da cobertura dos custos com medicamentos e a continuidade da aposentadoria dos companheiros sem o cumprimento dos 30 anos de contribuição (moratória previdenciária).

Nosso povo não ficará de joelhos ao arrocho ultraliberal, nem se curvará aos ditadores nanicos e capachos do imperialismo do norte. Nossa América Latina, desde a Argetina, segue de pé em luta, para que possamos avançar para um mundo digno para nosso povo e construído desde abaixo.

¡Que se vayan todos!
Lutar não é crime! Toda solidariedade aos aposentados argentinos!