Internacional – Solidariedade com a luta do povo mapuche
Solidarizamos com a luta do povo mapuche, que vive atualmente mais um episódio de perseguição e repressão por parte do racista e colonial Estado do Chile, junto com grupos de extrema direita.
Há mais de 90 dias, cerca de 30 presxs políticxs mapuche se encontram em greve de fome, exigindo a liberdade imediata ou mudança nas medidas cautelares considerando o contexto do Covid; a revisão dos processos judiciais em virtude do devido processo; o fim da criminalização do povo mapuche, da Lei Antiterrorista (herança do ditador Augusto Pinochet) e da aplicação do Convênio 169 da OIT (art. 7, 8, 9 e 10), cuja omissão do Estado coloca Machi Celestino Córdova em graves condições de saúde em decorrência de várias greves de fome motivadas pela negação da espiritualidade mapuche por parte do Estado e de suas instituições coloniais. Além disso, se exige uma resposta do Estado do Chile pelas mortes de Camilo Catrillanca, assassinado por agentes do Estado; por Macarena Valdés, assassinada por sicários de empresas extrativistas; por Alejandro Treuquil, assassinado em estranhas circunstâncias; por Brandon Huentecol,cujo corpo ainda aloja os tiros que polícias de forças especiais dispararam; e por séculos de violência sistemática e mortes de membrxs da comunidade mapuche (comunerxs) que, nos últimos anos, têm sido uma constante em todos os governos.
No marco desta mobilização e como forma de pressão ao governo de Piñera, diferentes comunidades mapuche iniciaram a ocupação de uma série de edifícios municipais na zona de Araucanía (Victoria, Collipulli, Galvarino, Angol, Curacautín e Traiguén). No sábado 1 de agosto, grupos fascistas e patronais armados, com a cumplicidade de agentes estatais, atacaram violentamente xs comunerxs mapuche, resultando em vários homens, mulheres e crianças gravemente feridxs. Imediatamente depois, a força policial prendeu 46 comunerxs que aguardam a ação da justiça racista chilena. Denunciamos a ação do novo ministro o interior do estado do Chile, Víctor Pérez (participante ativo da ditadura de Pinochet e defensor do Nazi Paul Schafer), como incitador e ideólogo desta violência, que, em sua visita alguns dias atrás ao território mapuche, em tom ameaçador e patronal, deu carta branca para que os grupos de ultradireita como APRA e “Paz na araucania” pudessem realizar esse covarde ataque com completa impunidade.
Como anarquistas, repudiamos todo ato de racismo, fascismo e colonialismo, e levantamos a reivindicação de autonomia e autodeterminação territorial de todo povo oprimido em luta.
Chamamos a solidariedade ativa com as comunidades em resistência do povo mapuche, que há mais de 500 anos vivem um conflito com os interesses econômicos capitalistas e coloniais que destroem e despojam seus territórios ancestrais. É hora de pôr fim à militarização, repressão e encarceramento das comunidades em resistência ao redor do mundo.
O RACISMO E O FASCISMO TÊM QUE SER ENTERRADOS JUNTO COM O CAPITALISMO E O PATRIARCADO! TODO NOSSO APOIO E SOLIDARIEDADE AO POVO MAPUCHE QUE LUTA CONTRA A VIOLÊNCIA POLICIAL E DOS ESTADOS!