[AL/FdCA] Solidariedade aos que lutam pela saúde. Chega de trabalho sem segurança!
N.T.: Compartilhamos a nota dos companheiros da Alternativa Libertaria/fdca, nossa organização irmã da Itália, tratando sobre a pandemia do Coronavírus no país e no mundo. Julgamos oportuno compartilhar a posição dos companheiros italianos considerando que temos o que absorver do cenário que se desenvolve lá, tanto em relação à negligência das autoridades frente ao Coronavírus em si, quanto também pelas contradições sociais que se exaltam ainda mais com a pandemia. Aproveitamos para saudar os companheiros e mandar nossa solidariedade neste momento difícil que estão passando! A nota original se encontra em aqui:
A progressiva difusão da epidemia do Covid-19 em todos os continentes levou a Organização Mundial da Saúde a elevar o nível da doença ao status de pandemia. Enquanto se busca conter a difusão com uma descoordenada e improvisada limitação da circulação de pessoas, a produção e a comercialização de bens seguem inexoráveis, apesar do sistema capitalista estar repentinamente descobrindo sua fragilidade frente a um inimigo invisível.
Na Itália, primeiro país da Europa a ser atingido pela epidemia, as maiores consequências se escancararam como sempre sobre os grupos mais precarizados da população, não apenas por causa de um sistema sanitário público que, nas últimas décadas, vem sofrendo pesados cortes por parte dos diversos governos, visando incentivar o setor privado, e que hoje enfrenta esta grave situação sobretudo por meio do empenho e dedicação das trabalhadoras e trabalhadores da saúde; mas também pelas consequências econômicas que atingirão os trabalhadores, com previsíveis demissões.
Desde o início de Março, com a expansão da chamada “zona protegida” estabelecida pelo governo Conte para tentar conter a difusão da epidemia, grande parte da população ficou com a mobilidade impedida por todo o território nacional, além da limitação de uma vasta gama de atividades comerciais e de serviços, o que torna necessário reivindicar recursos de segurança social extraordinários, que também contemplem os trabalhadores precarizados e “cinzentos” hoje tão presentes entre os assalariados.
A quarentena não ocorreu, entretanto, na maior parte das atividades industriais, nas quais as fábricas continuam produzindo sem nenhuma modificação organizativa e muitas vezes sem os equipamentos de segurança do trabalho mais básicos para conter o Coronavírus. Em vários destes casos houve agitação dos trabalhadores, com greves proclamadas pela RSU e por vários sindicatos confederados e de base. No entanto, a pressão e a repressão patronal, assim como da própria polícia, iniciaram-se imediatamente após as agitações, como aconteceu com os operários em greve na porta de uma fábrica na província de Modena, que estavam exigindo o cumprimento das normas sanitárias para a saúde e segurança dos trabalhadores. Dessa forma, à parte da tão elogiada solidariedade nacional, emerge sempre a verdadeira face dos patrões, sempre prontos para impor seus interesses de classe.
Tais interesses tiverem, evidentemente, um peso relevante nas medidas de segurança adotadas, negociadas entre as associações empresariais, os sindicatos confederados e os Ministros envolvidos, o que resultou na assinatura de um protocolo simples e na consequente disseminação do Covid-19 nos ambientes de trabalho. Muitos são os pontos abordados pelo protocolo, mas permanece o fato negativo de que a produção continua em muitas empresas de setores em que uma suspensão temporária não causaria danos ao abastecimento e a serviços essenciais à população. Embora não haja escrúpulos em se limitar as liberdades individuais em nome de uma causa superior, nada pode parar a produção senão a boa vontade e o bom-senso individual dos empreendedores.
Enquanto isso, muitas trabalhadoras e trabalhadores seguem em luta na defesa da saúde de todos, seja no local de trabalho, quando este é necessário; seja abstendo-se do trabalho quando não o é. Cabe a todos nós lutar, com mobilização e também com a propagação de informação, contra qualquer ato repressivo àqueles que reivindicam condições de segurança no trabalho, assim como exigir que a saúde, o emprego e os salários sejam verdadeiramente protegidos.
14 de Março de 2020. Alternativa Libertaria/FdCA