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20 SETEMBRO| VIVA LANCEIROS NEGROS! NÃO REIVINDICAMOS ESSA GUERRA ESCRAVAGISTA MAS A LUTA POR LIBERDADE!

Texto de 20 de Setembro de 2020 da Federação Anarquista Gaúcha. Arte por Rusha Silva.

Durante anos, a Revolução Farroupilha vem sendo ensinada nas escolas mostrando o “heroísmo” dos comandantes brancos e escondendo o fato de que centenas de negros participaram efetivamente da revolução, sendo friamente exterminados em busca da liberdade.

Um conflito disparado pelos grandes proprietários de terras por divergências em questões econômicas, políticas e ideológicas, dando início a uma guerra contra o governo imperial. No entanto, foi o povo gaúcho, indígenas, pobres e negros escravizados, que foi enviado para os campos de batalha, pra lutar e morrer na guerra covarde e de traições dos estancieiros.

Assim foi com os Lanceiros Negros, que protagonizaram, por 10 anos, as batalhas ao lado dos farrapos. Eram negros escravizados recrutados junto aos estanceiros, seus “donos” que, com muita bravura, sem escudos e se protegendo do mau tempo usando poncho de lã, que servia como cama, cobertor e agasalho.

No final da guerra em 1845, os farrapos e os imperiais se preparavam para assinar o tratado de paz (tratado do Poncho Verde), mas discordavam num ponto: a libertação dos Lanceiros Negros. O Império não aceitava a prometida liberdade e queriam que eles voltassem à condição de escravos.

A solução para esse impasse resultou no Massacre de Porongos, o último conflito da guerra, onde os líderes farrapos desarmaram as tropas de Lanceiros Negros e os imperiais atacaram-nos covardemente, de surpresa. A traição resultou na morte de centenas de lanceiros negros.

Que tenhamos aprendido com nossos antepassados que não devemos entrar no jogo de nossos inimigos, pois a história nos mostra que a traição é certa. Há mais de 500 anos, o nosso povo negro e indígena é resistência nesse Brasil, mesmo sendo sob o nosso sangue e suor que ergueram essa dita “civilização”. A perseguição, extermínio, violações e marginalização sobre os nossos povos se mantêm como um projeto de Estado que está em curso há séculos nesse país. Sabemos que a peleia pela nossa verdadeira libertação ainda é longa e depende da nossa luta e resistência.

Nossos heróis não viraram estatua morreram lutando contra os que viraram.

Salve Lanceiros Negros, presentes hoje e sempre na história do povo Gaúcho!