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10 CAUSAS E REIVINDICAÇÕES POPULARES SOBRE A CRISE CLIMÁTICA

“A evolução sem limites É que arrebenta a represa Levando tudo que existe Na força da correnteza Onde o tio Sam dá palpite Não resta pão sobre a mesa Pois nenhum povo resiste À morte da natureza“ . “Desde os tempos de Sepé” de Pedro Ortaça.

Não há nada de natural na tragédia pela qual passa o povo gaúcho. Há muito se anuncia a emergência das mudanças climáticas causadas por este sistema de dominação capitalista. A acumulação insaciável, os lucros progressivos, a precarização de direitos sociais, a expansão ideológica do neoliberalismo com sua individualização máxima são os fatores responsáveis por essas mortes, perdas e desastres que vemos no Rio Grande do Sul.

O Prefeito de Porto Alegre Sebastião Melo (MDB), há 12 anos no poder, seja como vice-prefeito ou titular do cargo, e o governador Eduardo Leite, há 6 anos no cargo, são dois expoentes desta política que nos submete ao caos, à mando dos empresários e latifundiários que especulam na cidade e destroem nos campos. Lula, em seu terceiro mandado, também decidiu por caminho semelhante, com a valorização do agronegócio e na manutenção de um teto de gastos. Não a toa, os três governantes já falam na necessidade de ampla privatização para “reconstrução” do Rio Grande do Sul.

A catástrofe ambiental que vivemos no Rio Grande do Sul hoje, a maior já documentada no estado, é portanto um fenômeno social, político e econômico. É social pois afeta majoritariamente os de baixo, comunidades indígenas e quilombolas, camponeses e o povo pobre do campo e da cidade. Enquanto isso, os de cima seguem usufruindo do conforto em suas fortalezas envidraçadas. Os latifundiários, coroneis da soja e do gado, que herdam seu patrimônio do sistema escravocrata, estão seguros com suas caminhonetes movidas a diesel. A catástrofe é também um fenômeno político e econômico, pois é graças ao sistema capitalista internacional, aliado aos interesses econômicos dos Estados nacionais (sobretudo do norte global), que o extrativismo predatório e o agronegócio fincam suas garras nos territórios para sugar até o último tostão que possam arrancar da terra. Por isso gritamos QUE OS RICOS PAGUEM PELA CRISE CLIMÁTICA, já que são suas as empresas que invadem e exploram a terra, devastam florestas e poluem as águas. Que os ricos paguem pela destruição impulsionada para manter seu parasitismo, seus caprichos, a concentração de poder, bens e capital em suas mãos. Que possamos arrancá-los de seu conforto diante do fim de mundo que nos impuseram!

10 causas sociais, políticas e econômicas do colapso ambiental e climático que arrasa o RS

1. Privatização de infraestrutras básicas (água , energia elétrica e saneamento)

2. Liquidação da proteção ambiental sobre rios, matas e solo

3. Exploração intensiva do agronegócio, mineradoras e especulação imobiliária

4. Desmonte da pesquisa e planejamento social e ecológico estratégico sobre os bens comuns e o meio ambiente

5. Corte de gastos públicos para as demandas populares e sucateamento do serviço público

6. Captura da política e do orçamento público pelos grupos financeiros agiotas da dívida estatal

7. Miséria e precarização das comunidades da periferia urbana, da moradia, infraestrutura comunitária e do trabalho

8. Guerra de extermínio aos modos de vida e às culturas indígenas, quilombolas e camponesas

9. Aumento violento da fortuna privada e do poder das classes ricas sobre o mundo

10. O ajuste neoliberal da sociedade: a regra suprema do mercado, da empresa, do “cada um por si”

Tão importante quanto fazermos as denúcias a esses ataques dos de cima e suas responsabilidades com a crise que está nos afetando é pensar sobre como estamos agindo e para onde vamos seguir nessa conjuntura, já que é somente a população, voluntárias, e refugiadas climáticas, que estão se ajudando umas as outras em meio a crise climática, com as iniciativas de auto-organização, seja nos abrigos, resgates ou na arrecadação e produção dos alimentos, e serão somente elas, enquanto classes oprimidas organizadas, não governos ou grande corporações, que poderão reconstruir suas cidades e comunidades, a partir de uma perspectiva anticapitalista e de uma ecologia que seja socialista e libertária.

10 Reivindicações populares sobre a crise climática

1 Fortalecer as redes de solidariedade e apoio mútuo nos bairros, sindicatos, escolas e universidades

2. Difundir ideias de luta por ocupações de moradia como forma de abrigar refugiadas climáticas e distribuição solidária de alimentos dos armazéns e supermercados

3. Reparações econômicas: bolsa de auxilio emergencial, aluguel social, isenção de impostos sobre eletrodomésticos e materiais de construção, anistia das dívidas das refugiadas climáticas

4. Assistência jurídica digna e gratuita

5. Que os ataques de Eduardo Leite ao código ambiental do Rio Grande do Sul em 2019 sejam revistos

6. DEMARCAÇÃO JÁ! Pela garantia dos territórios originários que foram devastados e os que ainda são explorados pelos senhores do agronegócio

7. Gestão popular de empresas de serviços essenciais, como saneamento e energia elétrica. Chega de privatizações e sucateamento pelo Estado!

8. Investimento nas políticas públicas e sociais, garantindo a equidade de direitos, acesso a serviços e vida digna

9. Retorno de institutos de pesquisa que foram extintos ou sucateados para favorecer os interesses dos cima

10. Em defesa dos rios e das florestas! Chega de extrativismo desenfreado!