83 anos da Revolução Espanhola
Em 17 de julho de 1936, o general Francisco Franco promove um golpe de Estado. Em tempos de ascensão de Mussolini na Itália e de Hitler na Alemanha, o general Franco mobilizava o repertório fascista: militarismo, um fundamentalismo católico e um rastejante nacionalismo. A resposta não tardou e veio “de baixo”. O 19 de julho marca a reação antifascista com a tomada de quartéis, tendo adesão de soldados, com o povo e suas organizações levantando-se em armas e tomando para si a gestão dos territórios.
A guerra civil espanhola (1936-39) será também uma revolução em suas realizações econômicas e sociais. Um significativo capítulo da capacidade política de trabalhadores e trabalhadores tomarem para si a gestão de suas vidas em suas mais amplas dimensões. Nas regiões controladas pelos trabalhadores, especialmente aquelas tendo a CNT como força organizadora, a exemplo das regiões de Aragão e da Catalunha, várias experiências foram exitosas no campo e na cidade orientadas por horizonte socialista e libertário. Mesmo em meio a uma guerra, com todos os obstáculos que a geopolítica mundial desenhava, as coletivizações agrárias elevam a produção e a condição de vida dos camponeses, assim como a produção industrial experimenta também bons resultados. O agrupamento Mulheres Livres ganha força e cobra o lugar das mulheres na luta armada, na retaguarda e nas decisões políticas. Em diversas outras áreas e serviços (distribuição e abastecimento, transporte público, saúde etc.) a gestão ocorre com significativa participação e controle dos trabalhadores e trabalhadoras. A produção cultural ganhou também em efervescência. As práticas federativas e autogestionárias, semeadas por décadas de lutas de destacada presença anarquista, dão seus frutos.
O grande dilema da Espanha em 1936 era como ganhar a guerra sem rifar a revolução. Para além do papel de socialistas reformistas, de burgueses republicanos e da própria URSS, é fato que a hesitação ou mesmo a capitulação de dirigentes anarquistas da CNT-FAI, resultaram no fim de uma das mais significativas experiências de luta dos trabalhadores. Que fiquem as lições.
No tempo presente, no Brasil e em várias partes do mundo, vivenciamos a ascensão de grupos, partidos e governos que tensionam para uma extrema-direita. Governos e grupos políticos que têm no fascismo parte de seus repertórios para a ação política. Um presente também em que a democracia liberal é, mais do que nunca, tragada pela gula dos mercados financeiros.
Estamos em guerra com os mercados financeiros, as oligarquias locais e as ilusões da democracia liberal. Trazer a memória da Espanha de 1936 é redobrar nossas energias para um projeto de poder que ultrapasse as formas burocráticas e liberais de se fazer política.
Viva a ação direta e a auto-organização do povo!
Viva a Revolução Espanhola!
Poder popular, antes, hoje, sempre!