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8M: Esmagar o fascismo, o racismo, o patriarcado e o capitalismo!

Opinião Anarquista | Março 2023 – versão para impressão

Mais um ano se passa e não há nada a comemorar no 8 de março. Nós, mulheres da Coordenação Anarquista Brasileira (CAB), continuamos nas trincheiras da luta social, enfrentando ameaças fascistas, o machismo cotidiano e a negação dos direitos mais básicos para uma vida digna. A derrota do fascista Jair Bolsonaro nas urnas está longe de ser o suficiente para alterar a realidade de 500 anos que o capitalismo, o colonialismo e o patriarcado impuseram aos nossos territórios.

Estivemos nas ruas, construindo a linha de frente da luta antifascista, antes mesmo do #EleNão em 2018. Muitas de nós tiveram que se afastar de familiares, companheiros e espaços de lazer por conta de nossas convicções. Enfrentamos ameaças, violências e fomos taxadas de loucas, sem contar todas as perdas que sofremos nas mãos do genocida Bolsonaro, principalmente durante a pandemia. Agora, alguns setores da esquerda nos pedem “calma” e que sejamos “pacíficas” em nossas manifestações.

Nossa posição, enquanto mulheres da CAB, é irredutível: continuaremos combatendo o fascismo por todos os meios possíveis, e nos defenderemos como for necessário. Também não retrocederemos nem um centímetro na luta por nossos direitos e nem em nossos métodos para conquistá-las:

Queremos aborto legal para todas as pessoas com útero, de maneira gratuita e segura, pelo SUS.

Queremos que as mulheres trans e travestis tenham uma vida longa e seus direitos assegurados, que ocupem os bancos das escolas e universidades e que tenham acesso a empregos estáveis, com remunerações e condições de trabalho dignas.

Queremos o fim do genocídio do povo preto e pobre, da guerra às drogas e do encarceramento em massa. Queremos destruir o racismo e a supremacia branca. Queremos um povo preto forte e auto-organizado. Queremos mulheres negras livres da violência doméstica e sexual, livres da objetificação e da solidão sistêmica.

Queremos a revogação da reforma trabalhista e da previdência, pois não aceitamos trabalhar até morrer, com péssimas remunerações e sem direitos básicos.

Queremos creches acessíveis, educação sexual nas escolas, a revogação do Novo Ensino Médio e vagas para todas nas Universidades Públicas, que devem permanecer gratuitas, garantir políticas de permanência e desenvolver pesquisas à serviço do nosso povo.

Queremos o fim do garimpo e da exploração capitalista da terra e dos territórios, com a demarcação de terras indígenas e quilombolas, e a expropriação dos latifúndios, colocando terra na mão de quem nela vive e trabalha.

Queremos transporte público gratuito, de qualidade e controlado pelo povo. Queremos vida digna e vamos conquistá-la, independente de quem estiver no governo.

Nos inspiramos na luta das mulheres de todo o mundo!

Desde as zapatistas retomando seus territórios no sul do México, até as mulheres Curdas enfrentando imperialismos e terremotos em Rojava. Desde as Mujeres Libres da Espanha, que combateram o exército fascista de Franco, as traições stalinistas e o machismo nas próprias fileiras anarquistas, até as nossas irmãs por toda a América Latina, que ocupam prédios e pintam as ruas de verde na luta pelo aborto livre, seguro e gratuito e legal. Sem esquecer de cada mãe preta que luta por justiça nas periferias e de cada pessoa trans e travesti lutando para não virar estatística.

A nossa saída para esmagar o fascismo, garantir direitos e fazer valer a luta de cada companheira que está conosco é uma só: organização popular. Precisamos estar juntas nos movimentos do campo, da cidade e das florestas, nos movimentos de luta por moradia, feministas e antirracistas. Precisamos ocupar sindicatos, grêmios estudantis e associações de moradores.

Precisamos de movimentos combativos, autônomos e com independência de classe, sem depender de partidos, políticos profissionais ou empresas para alcançar vitórias. Enquanto mulheres libertárias, precisamos construir a Organização Anarquista para disputar politicamente esses espaços, lutar contra o patriarcado que se expressa dentro dos próprios movimentos e radicalizá-los, para que sejam as sementes do novo mundo.

Por fim, nossa resposta à esse sistema de morte continua sendo fincar cada vez mais nossos pés nos territórios e nos espaços sociais das classes oprimidas. É tomar para nós a responsabilidade por nossa libertação, pela construção e luta por pautas que ampliem nossos direitos. Nosso caminho é a auto-organização, o ombro a ombro, e a rebeldia de quem já busca no hoje a construção de um mundo novo com socialismo e liberdade, e, por isso, um mundo necessariamente feminista, antirracista e anticapitalista.

ARRIBA LAS MUJERES QUE LUCHAN!

ESMAGAR O FASCISMO COM LUTA E ORGANIZAÇÃO!

CONTRA O ESTADO, O CAPITALISMO E O PATRIARCADO!