Memória

84 anos da Revolução Espanhola: seguimos lutando por um mundo novo!

Em 19 de julho de 1936, trabalhadores iniciavam a resistência à tentativa de golpe militar na Espanha, num contexto de ascensão do nazifascismo na Europa e do avanço das lutas da classe trabalhadora espanhola, que preocupavam industriais, proprietários de terras, Igreja e Estado. Centenas de milhares de homens, mulheres e crianças tomaram os quartéis para pegar em armas e se defenderem, o que havia sido negado anteriormente pelo governo de Frente Popular, ainda considerado um governo burguês por socialistas e anarquistas.

Tinha início um processo revolucionário com profundo impacto no país. Com uma grande tradição de luta do proletariado desde o século anterior, a classe trabalhadora na Espanha estava consciente de seu papel. Em 1936, a Confederação Nacional do Trabalho, anarcossindicalista, tinha entre 900 mil e 1 milhão de associados. Uma moção adotada em maio daquele ano deixava claras as intenções revolucionárias: “Uma vez concluída a fase violenta da revolução, serão declarados abolidos a propriedade privada, o Estado, o princípio de autoridade, e por consequência, as classes que dividem os homens em  exploradores e explorados, opressores e oprimidos. Uma vez socializada a riqueza, as  organizações  de  produtores, enfim livres, encarregar-se-ão da administração direta da produção e do consumo”. Aliada estrategicamente com a Federação Anarquista Ibérica (FAI) e a Federação Ibérica de Juventudes Libertárias (FIJL), a CNT protagonizou o avanço revolucionário.
Já em julho tinha início o processo de coletivização das fábricas e do latifúndio: operários e camponeses tomaram para si a organização dos locais de trabalho, abolindo senhores e patrões na construção de uma nova sociedade. O processo revolucionário também contou com experiências de educação pública, gratuita e universal, comitês populares, transformações culturais e lutas pela emancipação feminina.

O exercício do poder popular foi sufocado pelos esforços necessários na guerra civil contra o golpismo fascista. Também podemos destacar a postura vacilante da CNT, e mesmo a falta de uma forte organização política anarquista que pudesse dar mais sustentação à confederação. Mas a derrota para Franco, em 1939, teve papel preponderante das potências internacionais. A Alemanha de Hiter e a Itália de Mussolini apoiaram diretamente os militares. Já as potências “democráticas” como Grã-Bretanha, França e EUA adotaram uma posição de “neutralidade”, sem dar qualquer apoio aos revolucionários. A União Soviética, comandada por Stálin, defendia a estratégia da Frente Popular e de uma aliança com as potências ocidentais, e em dado momento adotou um papel contrarrevolucionário, incentivando a perseguição às milícias populares e aos comitês de trabalhadores.

A guerra destruiu o processo revolucionário, mas a experiência espanhola mostrou toda a capacidade do povo trabalhador de tomar em suas mãos o processo de transformação social, colocando em prática os princípios socialistas e libertários a serviço da emancipação. Resgatar a memória da Revolução é tarefa fundamental para nós, anarquistas, na construção de um mundo novo!

Viva a luta popular!
Viva a Revolução Espanhola!

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